quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Guerra Fria Parte II

Eis que depois de terminada a primeira parte desta saga em 1991, iniciada em 1945 com a vitória aliada sobre o nazismo e a consequente luta pela supremacia mundial por parte dos Estados Unidos e da União Soviética voltamos agora, passados 16/17 anos temos o reerguer da Rússia ( considerada a sucessora da URSS ) e o seu desejo de afirmação no plano das relações internacionais e no governo mundial. Se durante estes últimos anos tinhamos vindo a assistir a um acentuado domínio americano pelo planeta com a sua actuação como "polícias do mundo" sem que encontrassem pela frente um verdadeiro adversário que o pudesse desafiar ou pôr em causa a sua actuação. A própria invasão ao Iraque foi ainda elucidativa da força americana e da imposição da sua vontade constante desde 1991, porém também é verdade que este conflito já levou ao gasto de somas astronómicas de dinheiro pelos EUA e que têm tido repercursões ao nível interno no funcionamento da sua economia, bem como da sua capacidade de actuação internacional. Assiste-se assim, a um certo desgaste americano face a um ressurgir na cena internacional da Rússia, detentora de uma capacidade militar capaz de influenciar os acontecimentos à escala global, algo que até à bem pouco tempo lhe era impossível. Em termos económicos a Rússia tem apresentado taxas de crescimento do PIB bastante elevadas ( entre 6% e 7% ), assentes em grande maioria à exportação de matérias-primas de grande importância como o petróleo ou o gás natural, beneficiando ainda com a alta dos seus preços. Desde a chegada ao poder de Putin em 2000, a Rússia recuperou da década negra vivida desde 1991, culminando na crise do rublo em 1998, e desde aí tem-se estabilizado e conseguido prosperar, chegando agora o momento que muitos russos ansiavam, o do regresso ao governo mundial. Naturalmente que esta nova ordem mundial que se está a construir para o Século XXI divergirá radicalmente da ordem até agora existente, de supremacia de uma superpotência, começando já com a afirmação da Rússia, sem esquecer o crescimento assombroso verificado na China de há uns anos a esta parte que fazem dela um potencial substituto dos EUA no 1º lugar dos países mais desenvolvidos, bem como o alargamento da sua influência ao continente africano; realçando-se naturalmente ainda a presença da Europa ( UE ). Regressando ao tema Guerra Fria II, temos como exemplo a acção russa de oposição firme à independência do Kosovo, a cooperação com o Irão no enriquecimento de urânio e agora a questão da Ossétia do Sul, onde a Rússia deixa claro que no Cáucaso quem dita as regras é a própria. Trata-se, assim, do acordar do gigante adormecido.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Qualidade televisiva em Portugal

Numa altura em que somos inundados a toda a hora com notícias e mais notícias da Selecção Nacional que se encontra a participar no Euro 2008, penso que deveria ser feita uma reflexão sobre o estado em que se encontra a televisão portuguesa. Acredito que não serei o único a considerar que é excessiva a cobertura que as estações de televisão portuguesas fazem da Selecção Nacional, não que defenda que aqueles que representam o nosso país devam ser menosprezados mas também há limites para tudo, contudo, passarem os dias a fazer directos dos treinos e das entradas e saídas do hotel com informações que a maioria das vezes não são relevantes nem de um ponto de vista futebolístico também é demais. Acho formidável que os portugueses se sintam orgulhosos da sua selecção e que a apoiem incondicionalmente, mas convém não esquecer que a nossa vida não é apenas o que se passa em Neuchâtel e que nós próprios também temos outros horizontes que queremos explorar e desenvolver. Mas o problema da televisão em Portugal não se resume à cobertura do Campeonato da Europa, antes fosse, mas também temos a quantidade abusiva de telenovelas que nos são injectadas no horário nobre, os programas da manhã comuns aos três principais canais televisivos entre outros. As telenovelas já não são um assunto novo e voltar a abordar esta temática mais não seria que bater na mesma tecla e o objectivo desta análise é ser diferente e não enveredar pelos caminhos da vulgarização. Desde à uns anos que se assiste ao desaparecimento da programação infantil das televisões portuguesas durante a semana, agora, surge-me a pergunta, quantos de nós não se lembram de ter aquelas manhãs e tardes recheadas de desenhos animados? Uma criança acordava pela manhã e tinha uma oferta bastante boa ( eu não me queixo ) de desenhos animados para se poder divertir e aprender com alguns deles. Hoje, uma criança acorda pela manhã ( no caso de ter a escola apenas da parte da tarde ) e o que é que a televisão lhe oferece ? Programas onde se fala da vida dos outros, de novelas... alternativa para criança, se vive numa família com capacidade financeira tem hipótese de contar com a ajuda do Canal Panda e se tiver ainda mais possibilidades, com um Disney Channel ou um Nickelodeon, mas a pergunta não sai da cabeça, e se os pais desta criança forem como tantos outros que não têm possibilidade de adquirir serviços de televisão por cabo? Já não poderá ver desenhos animados e terá de se contentar com os da RTP2, são educativos, é verdade, mas a oferta peca por escassa. Esta situação é de enorme injustiça pois nem toda a gente pode, nem tem que ter acesso à televisão por cabo para poder ver algo que lhe agrade, trata-se de uma obrigação das três estações televisivas portuguesas proporcionar ao público um serviço de televisão de qualidade, apetecível para todas as faixas etárias, com toda a variedade de programas para se poder chegar a uma maior fatia da população.